ChatGPT muda inteligência artificial para sempre e afeta empregos e economia

Até para a inteligência artificial (IA), segmento no qual as descobertas avançaram velozmente na última década, os últimos dois meses foram intensos. Em 30 de novembro, a OpenAI, uma startup americana fundada em 2015, tornou público o ChatGPT, uma ferramenta poderosa que inaugura uma nova fase na relação da humanidade com as máquinas e que traz implicações econômicas e sociais para os próximos anos.
 
O ChatGPT é um robô de bate-papo (chatbot) gratuito capaz de produzir texto e trazer informações sobre assuntos diversos. A complexidade das respostas e a sofisticação da organização do texto chamam a atenção. Ele é capaz de produzir discursos de casamento, e-mails corporativos, textos em formato jornalístico, listas de organização e código de computação – é só saber pedir do jeito certo, inclusive em português.
 

O que é o ChatGPT?

Começando pelo básico, Chat GPT nada mais é do que uma sigla para “Chat Generative Pre-Trained Transformer”, ou, em tradução livre, Transformador Pré-treinado Gerador de Bate-Papo.
 
Ele é uma variante do modelo de linguagem GPT-3 (Generative Pre-trained Transformer) que foi desenvolvido especificamente para gerar textos em linguagem natural, de maneira semelhante a um humano. Ele foi treinado sob um grande conjunto de dados de trocas de conversas, e é capaz de produzir textos coerentes e apropriados dentro do contexto de uma conversa.
 
Desenvolvido pela empresa de inteligência artificial (AI) chamada OpenAI Inc. com sede em São Francisco – e que começou sem fins lucrativos – teve diversos nomes envolvidos, como Elon Musk, Sam Altman (atual CEO), Ilya Sutskever (Google), Reid Hoffman (co-fundador do Linkedin) e Peter Thiel (co-fundador do PayPal).
 
Atualmente, um grande parceiro e investidor é a nossa velha e conhecida Microsoft, que desenvolveu em conjunto com a OpenAI a plataforma Azure AI.
 

O que o ChatGPT e inteligência artificial podem significar para o futuro da medicina

 
Sem devorar um único livro didático da área ou sequer passar um dia na faculdade de medicina, o coautor de um estudo em fase de pré-impressão respondeu a uma série de perguntas práticas. A quantidade de acertos foi suficiente para passar no exame que habilita médicos nos Estados Unidos.
Mas o examinado não era um membro da Mensa (organização que estuda os superdotados) ou um sábio da área de saúde, e sim a inteligência artificial ChatGPT.
Criada para responder às perguntas dos usuários em forma de conversa, a ferramenta gerou tanta agitação que médicos e cientistas estão tentando determinar quais são suas limitações – e o que ela pode fazer pela saúde e medicina.
 
A clínica do doutor Victor Tseng, Ansible Health, criou uma força-tarefa para tratar do assunto. Pneumologista, o doutor Tseng é diretor médico do grupo com sede na Califórnia e coautor do estudo em que o ChatGPT demonstrou que provavelmente poderia passar no exame de admissão na medicina.
 
Ele contou que seus colegas começaram a brincar com o ChatGPT no ano passado e ficaram intrigados quando o programa diagnosticou com precisão pacientes fictícios em cenários hipotéticos.
 
“Ficamos tão impressionados e verdadeiramente desanimados com a eloquência e o tipo de fluidez de sua resposta que decidimos usá-lo em nosso processo formal de avaliação e testá-lo com a referência do conhecimento médico”, lembrou.
 
O teste foi aplicado nas três partes que os graduados em medicina nos EUA têm de passar para serem licenciados para a prática médica. O exame é considerado um dos mais difíceis de qualquer profissão porque não faz perguntas simples com respostas que podem ser facilmente encontradas na internet.
 
Além de testar ciência básica e conhecimento médico e gestão de casos, ele avalia raciocínio clínico, ética, pensamento crítico e habilidades de resolução de problemas.
 
A equipe do estudo usou 305 perguntas de teste disponíveis publicamente em junho de 2022, quando nenhuma das respostas ou contexto relacionado havia sido indexada no Google – e, portanto, não faziam parte das informações sobre as quais o ChatGPT era treinado. Os autores do estudo removeram exemplos de perguntas que tinham imagens e gráficos e começavam uma nova sessão do chat para cada pergunta que fizeram.
 
Os alunos costumam passar centenas de horas se preparando e as faculdades normalmente lhes dão um tempo longe das aulas apenas para estudar para o teste. O ChatGPT não precisou de nenhum trabalho de preparação.
 
A IA passou ou quase acertou todas as partes do exame sem qualquer treinamento especializado, mostrando “um alto nível de concordância e percepção em suas explicações”, escreveu o estudo.
 

Médico fica impressionado

“O exame em geral contém muitas pistas falsas”, disse. “É muito difícil fazer um bom trabalho ou tentar descobrir intuitivamente com uma abordagem como essa. Uma pessoa pode levar horas para responder a uma pergunta dessa maneira. Mas o ChatGPT conseguiu dar uma resposta precisa em cerca de 60% das vezes com explicações convincentes em cinco segundos”.
 
O link para cessar o chat é chat.openai.com/chat, mas, hoje, em virtude do número muito grande de acessos derrubou o site. A empresa colocou uma mensagem dizendo que está fazendo tudo para acertar todos os problemas e disponibilizar o site novamente para todos.

 

Fonte: Estadão